Os caminhos obscuros do processo Quinta Braamcamp

Os caminhos obscuros do processo Quinta Braamcamp

Sempre nos pareceu que a proposta apresentada no AMAC, pelo presidente da Câmara e o vereador Rui Braga em fevereiro de 2019 relativamente à Quinta Braamcamp, carecia de um aprofundamento das possibilidades para aquele território.

A Plataforma Cidadã Braamcamp é de Todos entendiae entende assim que a opção publicitada pelo atual executivo municipal, que consistia na venda total do território a investidores privados e na autorização para a construção de um máximo de 184 fogos junto às margens do rio e em zona de risco de inundação resultante das alterações climáticas previstas, não garantia o respeito pelos princípios da sustentabilidade e do interesse público que devem nortear qualquer intervenção num território com elevado grau de vulnerabilidade.

Em função da providência cautelar, intentada contra o Município do Barreiro, foi suspensa a eficácia das deliberações de novembro de 2019, tomadas pela Câmara Municipal do Barreiro e pela Assembleia Municipal do Barreiro, sob o título de “Projecto de requalificação da Quinta do Braamcamp”, que integravam a decisão da CMBde vender a Quinta do Braamcamp, propriedade do Município do Barreiro.

Mais tarde o presidente da Câmara apresentou uma resolução fundamentada, que o Tribunal considerou não fundamentada e que as razões invocadas eram improcedentes e não preenchiam o conceito de “grave prejuízo para o interesse público”.

Assim, o Tribunal considerou como ineficazes os atos e operações praticados no âmbito do procedimento de hasta pública, ou seja a abertura de propostas relacionadas com avenda da Quinta Braamcamp e a reunião do júri para avaliação das propostas e elaboração da proposta de relatório final, na qual se propunha a exclusão da proposta do concorrente Calatrava Grace LLC e a adjudicação provisória da proposta da Saint Germain Empreendimentos Imobiliários, S.A..

Ou seja, a venda da Braamcamp ainda não está efetivada e aguardamos a resposta do Tribunal à ação principal que colocámos para travar de vez este processo de venda e construção de prédios na Braamcamp.

Porém outras ações têm sido desenvolvidas pela CMB, que atentam contra a legislação e as orientações para o ordenamento do território das zonas ribeirinhas.

A LSA – Sociedade de Advogados, no final do parecer jurídico emitido e em anexo ao concurso de venda, sugeria:

“Ou, numa outra hipótese, averiguar da possibilidade de utilizar a faculdade prevista no artigo 19.º Desafetação, em que se dispõe: “Pode, mediante diploma legal, ser desafetada do domínio público qualquer parcela do leito ou da margem que deva deixar de ser afeto exclusivamente ao interesse público do uso das águas que serve, passando a mesma, por esse facto, a integrar o património do ente público a que estava afeto”.

A este propósito surgiu uma notícia no Expresso e retificação, que no fundamental dizia: “Em fevereiro de 2021, o pedido da Câmara Municipal do Barreiro para ‘usos compatíveis com o admitido no Regime da REN’ foi chumbado pela Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional (CCDR LVT) por ‘deficiente instrução do processo”.

Esta desanexação tem impactos na Quinta Braamcamp, mas também na caldeira do Moinho Grande, de Alburrica. Ou seja, zonas integradas na REN – Rede Ecológica Nacional são retiradas dessa classificação para permitir atentados ecológicos.

Estes processos têm sido utilizados em Portugal, nos últimos anos, de forma alarmante, seja nas minas de lítio, nas barragens, na utilização de zonas protegidas para a cultura intensiva (como em Odemira), e pelos vistos no Barreiro.

A consulta do processo da REN do Barreiro por parte de membros desta Plataforma, junto da CCDR LVT, tem sido dificultada por expedientes variados.

Entretanto, em 13 abril 2021 (Processo de Vila Real de Stº António), soubemos que o empresárioCarlos Alberto Casimiro de Matos, não só a título individual, mas também na qualidade de representante legal da Sociedade Saint Germain – Empreendimentos Imobiliários SA, está indiciado por “um crime de corrupção ativa de titular de cargo político”, (…) ficando a aguardar julgamento em liberdade, mas submetida a diversas medidas de coação.

E a 13 de maio último recebemos a notícia que a “Venda da Quinta Braamcamp soma semelhanças com o processo sob investigação em Monte Gordo: também foi comprada à câmara, também custou 5 milhões de euros e envolve o empresário Carlos Casimiro Matos e o deputado António Gameiro”, através da Revista Sábado.

Mais adiante acrescenta a Sábado: “Num email a que a SÁBADO teve acesso, é a António Gameiro que a autarquia se dirige para notificar a Saint Germain de que a sua propostapara a Quinta Braamcamp foi recebida.Gameiro interveio também —segundo o próprio admitiu publicamente— como consultor no negócioda venda de um terreno em MonteGordo, que levou à detenção da presidenteda câmara de Vila Real deSanto António por suspeitas de corrupção.”

E relativamente ao envolvimento da LSA – Sociedade de Advogados neste processo, a Sábado acrescenta “Sem explicar o porquê da escolha da LSA, fonte oficial da Câmara disse à SÁBADO que “a contratação externa para o acompanhamento jurídico de todo o processo obedeceu a todos os requisitos legais em vigor e decorreu de uma sugestão feita por um vereador da oposição (PSD)”. Uma informação desmentida pelo próprio.”Nunca tinha ouvido falar naquele escritório. E acho o valor absurdo, excessivamente caro”, declara Bruno Vitorino, explicando que defendeu apenas “a blindagem jurídica do processo”, e não a contratação externa de advogados.”

E a recuperação do Moinho Grande, com a qual estamos de acordo (não discutindo aqui as soluções encontradas), vem junto com uma proposta envenenada – a construção de uma praia artificial na caldeira do Moinho, um atentado que qualquer entendido nestas matérias subscreverá o que afirmamos.

Nestes processos muita coisa é pouco clara e o Barreiro começa a andar na comunicação social por razões que não são as melhores.Sejamos sérios. Queremos a recuperação do Barreiro, mas sem “gato por lebre”.

Sabemos agora que a APA—Agência Portuguesa do Ambiente, chumbou a construção do empreendimento previsto para a Braamcamp. Parecer é vinculativo.

Maio 2021 – Plataforma Cidadã Braamcamp é de Todos

QUINTA DO BRAAMCAMP – TRIBUNAL SUSPENDE ABERTURA DE PROPOSTAS E DECISÃO DO JÚRI

QUINTA DO BRAAMCAMP – TRIBUNAL SUSPENDE ABERTURA DE PROPOSTAS E DECISÃO DO JÚRI

A Plataforma Cidadã Braamcamp é de Todos apresentou um pedido de ineficácia (anulação) dos actos realizados pela Câmara Municipal do Barreiro, após a Providência Cautelar submetida ao Tribunal Administrativo e Fiscal de Almada e liminarmente aceite, ficaram, assim, por decisão do Tribunal, suspensas:

  1. A ABERTURA DE PROPOSTAS DOS CONCORRENTES À COMPRA DA BRAAMCAMP
  2. A DECISÃO DO JÚRI ACERCA DAS PROPOSTAS APRESENTADAS

A Câmara Municipal promoveu a abertura das propostas dos concorrentes à compra da Quinta, em 17 de Abril e divulgou a avaliação das propostas (após reunião do júri em 2 de Junho), na qual propunha a exclusão da proposta do concorrente Calatrava Grace LLC e a adjudicação provisória da proposta da Saint Germain Empreendimentos Imobiliários, S.A.

Estes actos da CMB foram desenvolvidos em nome de uma Resolução Fundamentada, apresentada pelo Presidente da Câmara Municipal, que, como vimos defendendo, se provou não ter qualquer base legal.

Como havíamos referido em comunicado de 11 de Maio, a Resolução assentava em pressupostos que não são verdadeiros, e procurava justificar a venda da Quinta do Braamcamp com a situação financeira provocada pelo COVID 19.

Assim, E Face À Decisão Do Tribunal, A Abertura Das Propostas Está SUSPENSA, Assim Como A Decisão Do Júri.

A insistência do executivo municipal em queimar prazos, fazer pouco de decisões judiciais e enganar os barreirenses em todo este processo, poderá lesar gravemente o município e revela que os tempos com que este executivo trabalha não são os que interessam ao Barreiro, mas sim os que são convenientes ao seu calendário eleitoral.

ACERCA DA CAMPANHA DESENVOLVIDA PELO EXECUTIVO DA CMB

Mesmo sem decisão do Executivo da Câmara Municipal e da Assembleia Municipal, necessários para validar qualquer proposta, foi iniciada de imediato uma campanha junto dos órgãos de comunicação e redes sociais, procurando fazendo crer que estava tudo decidido e que não haveria mais entraves significativos.

A 3 de Junho, dia a seguir à reunião do Júri do concurso, já o Executivo PS da Câmara Municipal apresentava um vídeo de propaganda, que demonstra que não é verdadeira a promessa do usufruto público de 95% da Quinta.

As imagens são claramente manipuladas como se pode ver no exemplo que segue.

                     Alburrica /Braamcamp – de Península a Ilha – até onde chega a mentira!

A QUINTA BRAAMCAMP MERECE SER REABILITADA

A Plataforma Cidadã Braamcamp é de Todos defende o projecto votado por unanimidade há 4 anos de compra da Braamcamp para ser retirada da especulação imobiliária e destinar-se ao usufruto da população, respeitando a paisagem, o ambiente e o património. Projecto que todos as forças políticas do Executivo de então, defendiam.

A Plataforma Cidadã Braamcamp é de Todos considera que o Barreiro merece um processo sério, conduzido de forma transparente, para a reabilitação da Quinta Braamcamp, sem malabarismos oportunistas.

Estamos disponíveis para colaborar com os órgãos autárquicos nesse sentido.

Na Plataforma ou colaboradores associados estão muitos especialistas e pessoas interessadas, que têm produzido estudos sobre a Braamcamp e sobre o Barreiro, que podem trazer a este processo outro olhar. Existem também muitas pessoas que têm a Braamcamp no coração, porque lá trabalharam ou a ela se ligaram há muitos anos.

Queremos contribuir para reabilitar os edifícios de forma sustentável, renaturalizar espaços significativos da Quinta, harmonizando o usufruto daquele espaço com o impacto das alterações climáticas e com a vida natural de fauna e flora. Relacionar a Quinta com o Barreiro Antigo e com a Miguel Pais, com um corredor verde até Coina. Desenvolve serviços de investigação ligados ao rio às energias renováveis ao ambiente. E sobretudo devolver o espaço aos barreirenses de todas as idades para lazer, recriação, melhoria da saúde, uma nova vivência social, num ambiente com futuro sustentável.

Os fundos comunitários estão disponíveis, as ligações a projectos similares e a universidades também.

Esta Plataforma continuará a persistir numa razão maior – Proteger o Património Cultural da Quinta do Braamcamp e torná-la, integralmente, num bem de fruição pública.

Barreiro, 22 Junho 2020

Plataforma Cidadã Braamcamp é de Todos

Plataforma foi recebida por grupo de trabalho da Comissão do Ambiente, Energia e Ordenamento do Território da Assembleia da República.

Plataforma foi recebida por grupo de trabalho da Comissão do Ambiente, Energia e Ordenamento do Território da Assembleia da República.

Estiveram os seguintes partidos: PS, PSD, PEV, BE, PCP. A Plataforma colocou as questões principais (quem somos, processo de compra da Quinta pela CMB, valor patrimonial, histórico, paisagístico, moageiro, a questão do PDM caducar em Junho, as implicações das alterações climáticas, o valor do ecossistema, a especulação imobiliária que perspectivam os actuais inquilinos da CMB, etc) O PSD questionou (não são só 5% de área para construção?), o PS nada disse (justificou-se por chegar atrasada), os restantes apoiaram as nossas posições. 

DA BRAAMCAMP, COM AMOR

DA BRAAMCAMP, COM AMOR

Para todos os que amam, preparámos um momento inesquecível, para ser vivido.

No dia 16 de Fevereiro, às 11:00, marcamos encontro na Quinta do Braamcamp (portão junto à escola Alfredo da Silva)

Programa a ser divulgado em breve, mas podes contar com:

– Doces e mimos; – Café do Tacho; – Muitas surpresas a anunciar em breve.

O evento é totalmente gratuito, a Quinta é pública. Material a trazer: – alegria, – uma chávena para o café (oferecemos). Temos doces e biscoitos. Pins e T-shirts.

Passeio pela zona de Alburrica/Braamcamp

Passeio pela zona de Alburrica/Braamcamp

Plataforma Cívica “A Braamcamp é de Todos” comemora Dia Mundial das Zonas Húmidas, com passeio pela zona de Alburrica/Braamcamp

No âmbito das Comemorações do Dia Mundial das Zonas Húmidas, dia 2 de Fevereiro, a Plataforma Cívica “A Braamcamp é de Todos” celebrou o dia com um passeio pela zona de Alburrica/Braamcamp, com a participação de mais de meia centena de cidadãos, muito interessados em aprender sobre este importantíssimo habitat, as zonas húmidas.

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